terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Hugo Cabret X Tão Forte: Figura paterna

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


Muito antes de Harry Potter tornar-se um fenômeno mundial e Batman habitar o imaginário de jovens por diversas gerações, órfão heroicos são figuras recorrentes no meio cultural. Em 2012 a Academia de Hollywood indicou ao Oscar filmes protagonizados por dois garotos valorosos.

A Invenção de Hugo Cabret (Hugo) se passa na França do período entre-guerras. Hugo (Asa Butterfield, de Nanny McPhee e as Lições Mágicas) mora entre as paredes de uma estação de trem em Paris. Ele aprendeu com seu finado pai (Jude Law, de Sherlock Holmes 2) o ofício de relojoeiro e faz a manutenção dos aparelhos sem o conhecimento do inspetor (Sacha Baron Cohen, de Bruno). O representante da autoridade está sempre à caça de garotos órfãos para encaminhá-los a instituições competentes.

A fuga constante de Hugo se explica porque ele tem uma missão nobre: consertar um autômato deixado por seu pai. A esperânça do garoto é colocar o robô-escrivão para funcionar e receber algum tipo de mensagem do pai, mas precisa de uma chave em forma de coração para fazer a máquina funcionar.


Para ajudá-lo nessa aventura, Hugo conta com a amiga Isabelle (Cloë Moretz, de Deixe-me Entrar). A garota também é orfã, mas teve a sorte de ser adotada por George (Ben Kingsley, de O Príncipe da Pérsia), o dono da loja de brinquedos da estação.

Dirigido por Martin Scorsese (Ilha do Medo), A Invenção de Hugo Cabret traz o melhor uso do 3D para contar uma boa história que já se viu no cinema recente. A neve que cai sobre a plateia e as cenas bem arquitetadas colocam o espectador dentro do filme.

O outro bravo órfão do cinema é Oskar (o estreante Thomas Horn) do drama Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close). Ao contrário de Hugo, ele ainda tem sua mãe (Sandra Bullock, de Um Sonho Possível), mas a comunicação entre eles é complicada.


O pai dele (Tom Hanks, de Larry Crowne) morreu durante os ataques de 11 de setembro. A relação com o filho era muito positiva, mesmo com as dificuldades de socialização do garoto – que provavelmente sofre de Síndrome de Asperger. O hobby partilhado entre pai e filho é o de desvendar mistérios. Na verdade, os enigmas e desafios são exercícios criados pelo pai para forçar de forma lúdica o menino a interagir com outras pessoas.

Depois da morte do pai, Oskar continua com as buscas que estavam em andamento antes da tragédia. O garoto descobre uma chave entre os pertences do pai e parte em busca de sua fechadura. Essa jornada serve para que Oskar entre em contato com pessoas dos tipos mais variados com histórias de vida das mais variadas.

Os dois filmes têm atores-mirins de alto nível, que conseguem conduzir seus personagens, sob o tema em comum da superação da perda do pai-companheiro. Os dois precisam usar uma chave, como que para descobrir os mistérios da vida. A aceitação do grau de fantasia, maior em Hugo Cabret e menor em Tão Forte, é essencial para que se conecte emocionalmente com os enredos.

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