quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O Artista: Aula de cinema

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)


A existência de um filme mudo realizado nos dias de hoje já é atrativo suficiente para cinéfilos, mas O Artista (The Artist) traz mais elementos que reafirmam o amor pela sétima arte. Em seu roteiro e suas escolhas estéticas, a produção faz referências ao cinema produzido mesmo depois do fim da era muda.

A trama gira em torno de um ator francês (Jean Dujardin, de Agente 117) que é um astro na Hollywood do final da década de 1920. Com o advento do cinema sonoro, o protagonista se vê em uma enrascada: por causa de seu sotaque ele não poderá seguir no mesmo posto de prestígio.

Esse tipo de problema assolou a carreira de vários atores do cinema mudo. Alguns deles teimaram em continuar a fazer filmes dessa maneira, como Charles Chaplin. O protagonista de O Artista também tentou continuar com o cinema mudo, mas fracassa.


Tanto quando se vê os filmes dentro do filme quanto nas demais cenas da fita, os atores entregam atuações teatralizadas que emulam os trabalhos de intérpretes da época em que o enredo se passa. Essa opção é um pouco mais flexível em outras áreas.

Na fotografia, há momentos em que se flerta com o expressionismo alemão, por exemplo, apesar de a história de O Artista conversar mais com o melodrama estadunidense. No posicionamento da câmera, há cenas que parecem saídas de produções dos anos 1940. Já na trilha musical, há até referência a Um Corpo que Cai (1958), de Alfred Hitchcock.

Mesmo com ingredientes de épocas e estéticas distintas, O Artista consegue manter tudo coeso e equilibrado. A mistura funciona porque o amor ao cinema mantém tudo conectado – inclusive o envolvimento emocional do público.


O Artista (The Artist)
Roteiro e Direção: Michel Hazanavicius
Elenco: Jean Dujardin, Bérénice Bejo, John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller
Duração: 100 minutos
País: França, Bélgica

Nota: 10

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