quinta-feira, 4 de abril de 2013

Escreva Lola Escreva: Limitações positivas

 por Edu Fernandes

Spoilerômetro:  (?)



Todo crítico de cinema que se preze admitirá que o gosto pessoal acaba vazando para nossos textos. O livro Escreva Lola Escreva – Crônicas de Cinema é um exemplo claro do bom uso de tal característica.

Na coletânea, a autora Lola Aronovich torna o relato altamente pessoal. Ela conta o quanto chorou em determinadas sessões e as diferenças de opinião dela com o “maridão”, por exemplo.

Com essa opção, compreendemos sua ressalva em relação a Wall-e, causada por seu asco a baratas acima do poder de abstração. Assim, mesmo que o leitor (munido de bom senso) discorde as opiniões da escritora, não se cria um conflito. Tal harmonia só é possível porque Lola nunca pretende estar hierarquicamente acima de quem lê.

É uma pena que tal lição para a profissão tenha de partir de alguém que grita aos quatro ventos não se considerar uma crítica de cinema. A admissão da limitação pessoal é um exercício de humildade que poucos críticos praticam e isso causa rusgas.

É por essa razão que discordo dos colegas que julgam ter autoridade para falar mal de Os Vingadores (ou outra adaptação de HQ) sem nunca na vida terem aberto um gibi. A César o que é de César, e ao nerd o que é do nerd.

Escreva Lola Escreva – Crônicas de Cinema
Autora: Lola Aronovich
Editora: ComArte
Páginas: 176
Formato: 16 x 16 cm

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